MYRTACEAE

Calyptranthes aromatica A.St.-Hil.

Como citar:

Lucas Moulton; Raquel Negrão. 2017. Calyptranthes aromatica (MYRTACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

6.882,245 Km2

AOO:

52,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Endêmica do estado do Rio de Janeiro (Sobral et al., 2015), com distribuição fragmentada em 11 municípios (Souza, 2014). Foi coletada em Magé (V.G. Staggemeier 932), Angra dos Reis (M. Kuhlmann 2622), Duque de Caxias (S.J. Silva Neto 985), Mangaratiba (J.M.A. Braga 4081), Guapimirim (M. Peron 920), Rio Bonito (G. Martinelli 11634), Nova Friburgo (E.J. Lucas 221), Nova Iguaçu (G.V. Somner 816), Petrópolis (D.G. de Almeida s.n., RB 49332), Paraty (R. Marquete 1090) e Teresópolis (D. Sucre 10763). No município do Rio de Janeiro os registros de coleta são todos no Jardim Botânico.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Lucas Moulton
Revisor: Raquel Negrão
Critério: B1ab(i,ii,iii,iv)+2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: VU
Justificativa:

Espécie arbórea, endêmica do estado do Rio de Janeiro, com EOO=6024 km², AOO=52 km², apresenta dez situações de ameaça. Embora tenha sido coletada em Unidades de Conservação (RPPN Rio das Pedras, Esec Estadual de Paraíso e Rebio do Tinguá), está submetida a diferentes ameaças como: a agropecuária (Kurtz e Araújo, 2000; ICMBio, 2005; Mendes, 2010; IBGE, 2015), o deslizamento de encostas (Santos, 2012), os incêndios florestais (Mota, 2009) e a expansão urbana somada ao desenvolvimento de atividades comerciais, industriais e turísticas (Teixeira, 2006; Guerra et al., 2007; Mendes, 2010; Kassiadou e Sánchez, 2014). Suspeita-se que esteja havendo um declínio contínuo da EOO, AOO, qualidade do hábitat, assim como do número de subpopulações.

Último avistamento: 2012
Quantidade de locations: 10
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em Bijdr. Fl. Ned. Ind. 17: 1092. [Oct 1826-Nov 1827]. É popularmente chamada de "cravo-da-terra" (E-jardim, 2008).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1 Forest
Detalhes: Arbusto (G. Martinelli 11634; I.R. de Carvalho s.n., INPA 145650) arvoreta (M. Peron 920; V.G. Staggemeier 932) árvore (A. Quinet 153) 2 m (G. Martinelli 11634) a 10 m, de ocorrência em domínio fitogeográfico Mata Atlântica, em áreas de Floresta Ombrófila (Sobral el atl., 2015).
Referências:
  1. Sobral, M.,Proença, C.,Souza, M.,Mazine, F.,Lucas, E. 2015. Myrtaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB10270>. BFG. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia, v.66, n.4, p.1085-1113. 2015. (DOI: 10.1590/2175-7860201566411). Acesso em: 07/03/2015.

Reprodução:

Detalhes: Encontrada com flores em janeiro (J.G. Kuhlmann s.n., RB 85204), fevereiro (M. Peron 920), março (E.J. Lucas 221), abril (I.R. de Carvalho 726), agosto (S.J. Silva Neto 985), setembro (M.C. Souza 383); e frutos em março (C.H.R. de Paula 145), abril (I.R. de Carvalho 726), maio (A. Quinet 153; J.M.A. Braga 4081), junho (R. Marquete 1090), julho (M.G.Bovini 1207), agosto (S.J. Silva Neto 985) e outubro (L. Pinder s.n., RB 243224).
Fenologia: flowering (Jan~Apr), flowering (Aug~Sep), fruiting (Mar~Oct)

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,occurrence past,present regional high
Um intenso processo de intervenção ocorreu na Bacia do Rio São João e modificou as áreas circunvizinhas à Rebio Poço das Antas, outrora caraterizadas pela floresta de restinga, planície costeira, floresta de encosta atlântica, manguezais e vegetação típica de pântanos. Contribuíram para isso principalmente os desmatamentos para a implementação de cultivos e pastagens, além de abertura de estradas e execução de obras de engenharia nesta bacia (ICMBio, 2005). A Estação Ecológica do Paraíso possui trechos de seu solo ocupados por matas secundárias ou ocupação agropecuária, voltados para pastagens e culturas de subsistência (Kurtz e Araújo, 2000). A cultura da cana-de-açúcar foi a primeira atividade econômica de Angra dos Reis, no período colonial (IBGE, 2015). Atualmente, os principais cultivos do município são: a banana (produção de 4.200 toneladas em 1.091 ha de área plantada), a mandioca (produção de 572 toneladas e 92 ha de área cultivada) e o palmito pupunha (produção de 312 toneladas e 1.425 ha de área) (Prefeitura de Angra, 2015). Historicamente, no município de Nova Friburgo e na área onde se encontra a APA de Macaé de Cima, praticava-se agricultura de subsistência e de base familiar em pequenas e médias propriedades, com plantio de feijão, mandioca e hortaliças e, em menor quantidade (Mendes, 2010).
Referências:
  1. ICMBio, 2005. Revisão do Plano de Manejo da Reserva Biológica de Poço das Antas - Encarte 1. Brasil.
  2. IBGE, 2015. Angra dos Reis. @Cidades. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=330010&search=rio-de-janeiro|angra-dos-reis|infograficos:-historico>. Acesso em 09 mar. 2015.
  3. Mendes, S.P., 2010. Implantação da APA Macaé de Cima (RJ): um confronto entre a função social da priopriedade eo direito ao meio ambiente ecologicamente preservado. V Encontro Nac. da Anppas, Florianópolis, SC.
  4. Kurtz, B.C., Araújo, D.S.D. de, 2000. Composição florística e estrutura do componente arbóreo de um trecho de Mata Atlântica na Estação Ecológica Estadual. Rodriguésia 51, 69–112.
  5. Prefeitura de Angra, 2015. Agricultura em Angra. Disponível em: <http://www.angra.rj.gov.br/secretaria_sae_agricultura.asp?IndexSigla=SAE&vNomeLink=Agricultura de Angra dos Reis#.VP3yhPnF-Sp>. Acesso em 9 mar. 2015
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat,occurrence past,present regional high
O município de Magé, situado no entorno da Baía de Guanabara, sofre diversos impactos ambientais em função do crescimento populacional e de atividades industriais (Kassiadou e Sánchez, 2014). O município de Petrópolis passa por uma intensa e descontrolada expansão urbana, que acarreta na construção de áreas impermeabilizadas, repercutindo na capacidade de infiltração das águas no solo, favorecendo a ocorrência de enxurradas (Guerra et al., 2007). Devido à beleza cênica e ao elevado estágio de preservação da Mata Atlântica, a região de Nova Friburgo despertou a atenção de admiradores da natureza na década de 1970. A área tornou-se um lócus de atração turística, e como consequência, houve uma substituição das atividades agropecuárias por atividades vinculadas ao turismo. Propriedades que antes eram destinadas à agricultura foram substituídas por pousadas, hotéis, restaurantes e casas de veraneio (Mendes, 2010). Na busca de uma forma alternativa de vida, além dos turistas considerados visitantes, novos moradores se instalaram em Nova Friburgo fugindo de centros urbanos. Isso gerou substituição de atividades agropecuárias por atividades vinculadas ao turismo, à construção civil, ao comércio e à prestação de serviços, a fim de atenderem as novas demandas da região, e se transformaram as principais fontes de renda de seus antigos moradores. Muitos imóveis que possuíam funções agrícolas voltadas à produção, foram alterados para se tornarem residências, sítios de veraneio ou pousadas, locais de consumo e de “contemplação da natureza”, gerando novos valores e reconfigurando o território (Mendes, 2010). No entorno da Reserva Biológica do Tinguá, existem áreas particulares utilizadas por sitiantes, que buscam lazer e descanso, ou mesmo para fins comerciais. A região da baixada é pouco beneficiada por áreas de lazer. A população a buscar áreas ainda conservadas para banhos de cachoeira e outras formas de lazer e contato com a natureza (Teixeira, 2006).
Referências:
  1. Kassiadou, A., Sánchez, C., 2014. Escolas sustentáveis e conflitos socioambientais: Reflexões sobre projetos de educação ambiental no contexto escolar em três municípios do estado do Rio de Janeiro. Rev. VITAS – Visões transdisciplinares sobre ambiente e sociedade.
  2. Guerra, A.J.T., Gonçalves, L.F.H., Lopes, P.B.M., 2007. Evolução histórico-geográfica da ocupação desordenada e movimentos de massa no município de Petrópolis, nas últimas décadas. Rev. Bras. Geomorfol. 8.
  3. Mendes, S.P., 2010. Implantação da APA Macaé de Cima (RJ): um confronto entre a função social da priopriedade eo direito ao meio ambiente ecologicamente preservado. V Encontro Nac. da Anppas, Florianópolis, SC.
  4. Teixeira, L.H. dos S., 2006. Plano de Manejo da Reserva Biológica do Tinguá. Brasil.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 10.3 Avalanches/landslides habitat,occurrence past,present regional medium
No município de Teresópolis, há ocupação irregular e desordenada de encostas com inclinações elevadas e de áreas ripárias, com a eliminação de matas ciliares. Este cenário, juntamente com um histórico de fortes tempestades e chuvas torrenciais na região, proporcionam eventos catastróficos de deslizamento, dizimando várias comunidades e causando grandes impactos ambientais (Santos, 2012).
Referências:
  1. Santos, D.G. dos, 2012. Impactos socioambientais advindos das chuvas locais em áreas naturalmente instáveis ocupadas irregularmente no município de Teresópolis - RJ, in: III Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. IBEAS – Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais, Goiânia, pp. 1–5.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity habitat,occurrence present,past regional high
A região de Nova Friburgo sofre com a ocorrência de incêndios, agravada pela baixa umidade do ar e estiagem prolongada. Somente no ano de 2007, ocorreram incêndios sobre a vegetação, incêndios cuja quantidade foi considerada maior que a média da década, o que reforça a escala do problema (Mota, 2009).
Referências:
  1. Mota, L.D.M., 2009. Produção agrícola, meio ambiente e saúde em áreas rurais de Nova Friburgo, RJ: conflitos e negociações. Fundação Oswaldo Cruz. Tese de Doutorado. 155 p.

Ações de conservação (2):

Ação Situação
3.4.1 Captive breeding/artificial propagation on going
Cultivada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro (H.C. Lima 7441; I.R. Carvalho 726).
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
Ocorre na Reserva Ecológica Rio das Pedras (J.M.A. Braga 4081; M.G. Bovini 1207), Estação Ecológica Estadual de Paraíso (M. Peron 920) e REBIO do Tinguá (S.J.S. Neto 17).

Ações de conservação (2):

Uso Proveniência Recurso
1. Food - human flower
As flores e botões florais podem ser utilizados como substituto do cravo-da-índia (e-jardim.com: mudas de plantas frutíferas, 2008).
Referências:
  1. e-jardim.com: mudas de plantas frutíferas. 2008. Plantas Úteis, Calyptranthes aromatica / cravo-da-terra. Disponível em <http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=152>. Acesso em 13 abril 2015.
Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary leaf
As folhas e a casca são utilizadas como vermífugo e antiespasmódico (E-jardim, 2008).
Referências:
  1. E-jardim. 2008. Plantas Úteis, Calyptranthes aromatica / cravo-da-terra. Disponível em <http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=152>. Acesso em 13 abril 2015.